TRÓPICOS UTÓPICOS E O BRANDING

Lendo “Trópicos Utópicos”, do Eduardo Giannetti, uma reflexão sobre os possíveis caminhos de longo prazo para o Brasil, não pude deixar de fazer uma analogia com o mundo das marcas (até porque, afinal, um país, assim como uma pessoa, não é também uma marca?). No clímax, ao resumir o cenário em, basicamente, duas possibilidades – mimética (imitativa de modelos externos comprovadamente eficazes) ou profética (construída com base na cultura e nos princípios de uma sociedade) – o autor,  embora ciente de todos os erros e vícios históricos (traços comuns, aliás, à todos os povos…) mas, ao mesmo tempo, conhecedor de não menos aspectos positivos e virtuosos nessa trajetória, nitidamente declara a sua preferência pela última. Não sem antes reconhecer que esse caldo nacionalista deve, de alguma forma, conversar com o corrente e crescente mundo globalizado – e não ser refratário à ele. Em suma, algo um tanto sinuoso, mas fundamental. E eu sigo o escritor. Por que? Porque, em última instância, para distinguir-se das demais marcas de uma arena competitiva e manter uma posição clara e efetiva nas mentes das pessoas (e lá, ora, onde ocorrem as batalhas, as guerras e se conquistam corações, não?), é preciso uma receita própria, por meio de uma personalidade singular e de um compromisso com a sua essência – erguido mediante sólidos alicerces morais e éticos. E é somente algo cuidadosamente arquitetado, edificado e executado que pode proporcionar isto, em vez de meras, rasas e preguiçosas cópias. Mas nesse atual ambiente eleitoral brasileiro, permeado de candidatos raquíticos intelectualmente, como esperar uma reflexão de tal natureza?

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