FERAL ROOTS

Recentemente entrei em uma loja de discos e CDs no centro de São Paulo (sim, elas existem e eu sou colecionador), famosa por oferecer, digamos, itens mais alternativos de Rock e Heavy Metal.

O proprietário (sei que ele é o dono) estava sentado, atrás do balcão e não havia mais ninguém na pequena loja.

Ele parecia mal humorado ou, no mínimo, um pouco cansado, sem muita disposição para interagir com um desconhecido.

Mesmo assim arrisquei, tentando ser educado e transmitir um certo alto astral:

– Olá, Bom Dia! Tudo bem? Você tem o último do Rival Sons, Feral Roots? Estou viciado nesse disco…

Ele me olhou de baixo para acima, por trás do Óculos e me respondeu friamente:

– Tenho, importado, 120 reais.

Eu fiquei em silêncio alguns longos segundos e rebati:

– Então, vai ultrapassar a minha cota mensal de gastos com a coleção, vou deixar para o mês que vem. Obrigado!

Ele, ainda sentado, olhando para um computador, com o Óculos ainda no meio do nariz, simplesmente me deu um joinha com a mão, em silêncio.

Saí com a promessa de comprar esse disco no mês seguinte, de qualquer loja do planeta, menos dessa.

De nada adianta um posicionamento inteligente, propósito e princípios bem estruturados, um set de naming atraente e coerente com o projeto de branding, os 4Ps bem gerenciados se, no campo de jogo, o líder da equipe chuta a bola para a arquibancada.

Qualquer ponto de contato da marca com o mercado – incluindo o varejo tradicional – deve refletir a estratégia de atuação da empresa, independente do porte ou segmento.

Difícil imaginar que tal loja tenha como um dos seus princípios de marca, atender de forma fria e desinteressada os seus potenciais clientes.

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